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A vida sempre continua


Há certas coisas na vida que me levam à tentar entender o mundo como um todo. Onde todos fazem parte de um meio comum e não existe "cada um". Há coisas que me fazem acreditar que as pessoas não sabem mais interagir de forma humana. Há coisas que me fazem pensar que o que mais me parece faltar nos humanos é humanidade.

É que tudo quando se olha de longe, parece sem falhas, sem defeitos. Tudo parece certo e em completa harmonia quando se olha de longe. As pessoas parecem estar bem quando as vejo dando seus passos apressados pelas calçadas, pessoas que nunca se conhecerão. Pessoas que andam tão rápido que parecem esquecer de levar sua humanidade junto das inúmeras bolsas que elas carregam.

E aquele silencio ensurdecedor que se faz dentro de um vagão de metrô. Cada qual com sua vida, seus problemas, suas pessoas, seus amores, seu tempo. E quando se olha de longe, tudo parece em perfeito estado. Mas só de longe.

Quando se observa um pouco mias de perto, tudo distorce um pouco a visão. Quando se olha mais de perto, tudo muda. Aquele muro que antes parecia impecável, agora aqui de perto parece cheio de rachaduras. Aquele sorriso da secretária do oftalmologista, agora parece esconder lágrimas. Aquela pessoa que carregava um monte de bolsas na rua, as levava para um morador de rua que implorara por algo para comer. Aquela pessoa com o fone de ouvido no metrô escutava um áudio de seu filho dizendo que morria de saudade. Aquele soldado que carregava uma arma, não via a hora de levar sua mulher para jantar. Aquele vendedor de flores estava esperando um processo de adoção de uma criança. O porteiro simpático estava ansioso pela disputa da final do seu time. Aquele casal que andava de mãos dadas na beira do mar acabara de receber uma notícia ruim. Aquele morador de rua dividia sua comida com um cachorro abandonado. Duas amigas se reencontravam na rodoviária. A menina que sofria bullying pensava em suicídio. O menino que fazia bullying pensava em pedir perdão. Um rapaz comprava flores para se declarar para o amor da sua vida.

E cada um simplesmente continuou sua vida. Todos passaram, um pelo outro. mas ninguém viu mais do que a superfície de cada um. E a vida simplesmente seguiu. E ela simplesmente segue. Pessoas sorriem, choram, vivem, viajam, nascem, amam, morrem, odeiam. E existe amor em meio ao caos. Existe coração partido na despedida. Existe alegria que transborda. Existe morrer de amor. Existe sentir. É só olhar mais de perto.

2 comentários:

  1. Que texto lindo, Laura. Sabe, as vezes eu paro para observar as pessoas. Algo que alguns não gostam, mas adoro observar. Tem vezes posso perceber o que está acontecendo com cada um, outras eu apenas invento uma história. Acho legal e emocionante, já que acabo não as conhecendo de verdade. Mas como tu disse, a vida segue e cada um tem seus motivos, histórias e emoções. E no final, tudo passa.

    Beijos,
    Última postagemBlog Gaby DahmerFanpage

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    Respostas
    1. Obrigada Gaby <3

      Eu sei bem do que você tá falando. Também gosto de observar as pessoas, de inventar uma historia completa para elas e de criar uma ligação entre nós até o momento quando nunca mais vamos nos ver na vida. É uma ideia um pouco assustadora, mas que me encanta essa coisa de não conhecermos quem está, por muitas vezes, do nosso lado. Observação é o que me permite conhecer as pessoas mesmo sem nem saber o nome delas. Bizarro né?

      Beijos <3

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