Ser escritor é

(Foto: Capitas Gancho)

Um turbilhão de pensamentos dominam a minha cabeça e me fazem acreditar que nem se eu fosse a escritora mais renomada conseguiria colocar no papel tudo aquilo que tanto me perturba.
O fato é que nem todo escritor tem o que podemos chamar de vida perfeita e nem mesmo seguem os próprios conselhos. Isso diz respeito ao provérbio tão conhecido: "Faça o que falo, mas não faça o que faço." Ou melhor, faça o que escrevo, mas não faça o que faço.
Ao tentar entender e transformar tudo o que imagina em algo concreto, acaba se perdendo no caminho. E é nessa perda que se descobre. E é nessa perda que se reinventa.

Um escritor é aquele que se sente seguro em passar todos os seus medos para o papel. É aquele que parece ter vivido tanto, mas que acredita que não está nem perto da metade do caminho. É aquele que tem o dom de transmitir seus sentimentos através de palavras com o intuito de fazer com que o leitor se identifique e sinta que não está sozinho e que alguém, de alguma forma, o entende. É aquele que compreende os sentimentos melhor do que ninguém. É aquele que conforta, imagina e que, acima de tudo, acredita. Acredita no real e irreal. Acredita na verdade e na mentira. Acredita que pode transformar uma angústia num momento radiante.
Um escritor pode tanto e não percebe.
Qual arma é melhor do que a imaginação e a capacidade de criar coisas?
Ser escritor é se permitir viajar milhas e milhas de distância sem ao menos sair do lugar.
Ser escritor é saber que nada é tão confortante quanto palavras de carinho em momentos de solidão.
Ser escritor é tudo isso. É a capacidade de criar e apagar. Mas, sempre recomeçar.

- Vitória Abdalla