Uma vez, eu ganhei um par de Meias. Elas eram listradas de lilás e amarelo e tinham um ursinho azul estampado na ponta, que me encarava simpaticamente todas as vezes que eu as colocava nos pés.
Durante as semanas seguintes, eu só queria usar aquelas meias. E até que certa noite, quando eu as vestia para dormir, elas me fizeram chorar. De emoção, de felicidade, de gratidão.
Eu transbordei um sentimento profundo e bom, que as meias me trouxeram. Um sentimento de conforto, de não estar sozinha. Como um abraço.
A tamanha beleza no ato tão simples de me trazer um par de Meias de uma viagem foi suficiente para me fazer amar o agrado. Logo eu, que nunca tive acesso a um ato de carinho paterno, pude presenciar o quanto é bom ser lembrada. O quanto é bom saber que alguém finalmente apareceu para segurar a minha outra mão e me ensinar a voar. Porque todo mundo precisa disso, no fundo.