Amanheceu

Foto: Laura Matias

Aos poucos o sol começou a aparecer no horizonte, onde a água do mar se encontrava com o céu de um tom alaranjado. Era verão e a praia tinha uma iluminação diferente. A areia parecia mais macia, as ondas pareciam quebrar perfeitamente, as conchas pareciam mais coloridas, os pássaros pareciam cantar mais felizes.

Embora fosse cedo, estávamos mais acordados do que nunca. Era bom estar ali. Uma brisa leve trouxe consigo maresia e fez meus cabelos voarem para todos os lados, fechei os olhos.

Naquele momento pude perceber mais que nunca, que as coisas mais importantes vêm do nada e de graça. O sol nasce para todos e é sempre um espetáculo que vale a pena ser assistido.

Algumas pessoas faziam caminhadas pela orla, alguns deles de fones de ouvido, outros conversando entre si, rindo.

Uma gaivota pousou perto, nos encarou por uns segundos e levantou voo novamente. O sol já estava brilhando e o dia começara com um sorriso sincero. Não havia nenhum outro lugar na terra em que eu queria estar e alegria não cabia em mim e não poderia ser descrita por palavras.

Acompanhei com os olhos a gaivota, que se juntou com as outras. Pensei que, se fosse um pássaro, eu sobrevoaria cada praia a cada nascer do sol.

A calmaria trazida pelas ondas naquela manhã de verão me fez navegar em pensamento e em alto mar percebi que era aquela a vida que eu queria viver.
Aquilo era o que me compensava por todo o esforço. E todo o lado ruim era apagado da memoria por um tão simples nascer do sol na praia. Toda a tempestade era acalmada pela brisa leve que sopra depois de um tornado. O céu tem um tom diferente de azul depois da chuva. Tudo se mostra importante em poucos minutos e passamos a ver a vida de uma forma mais leve.

Vemos a vida com outros olhos, olhos que brilham. A partir de um certo momento, deixamos de existir e passamos a viver.